1964
Estados Unidos
EventoIdiomas disponíveis
Português
Colaborador
Clara Pignaton/Diego Mauro
Bernard Rudofsky
Bernard Rudofsky não era nem um arquiteto nem um teórico no sentido usual. No início de sua carreira projetou algumas casas na Itália e no Brasil. Dos anos quarenta em diante, Rudofsky estava essencialmente comprometido como crítico e teórico cultural que escreve não apenas sobre arquitetura e design, mas também sobre roupas, sapatos ou sobre o ato de comer ou de se banhar. O elemento comum por trás de todas essas atividades, entretanto, era o corpo humano e sua lamentação pela perda da consciência sensorial. Para ele, nenhum estilo de vida deveria ser previamente estabelecido, ordenado ou concebido. A interação do ser humano com seu ambiente deveria ser caracterizada por uma atitude individual frente sua responsabilidade de cidadão. Com bases nessas ideias, ele guia seus estudos sobre as verdadeiras necessidades rudimentares.
Bernard Rudofsky nasceu em 1905, em Zauchtl, Moravia (atual República Tcheca). Ele se graduou em arquitetura e engenharia civil em 1928, pela Technische Hochschule, em Viena.
Entre 1925 e 1927, viajou para Bulgária, Turquia, Suíça e Itália, e em 1929, Rudofsky passou dois meses em Santorini. Essa experiência relativamente curta em Santorini foi a base para todos seus trabalhos futuros. Ele encontrou um estilo de vida completamente diferente do que estava habituado em Viena. Despertou um interesse muito grande pelas viagens e pelas possibilidades que elas oferecem de conhecer e compreender diferentes formas de viver e de sentir o espaço vital.
Em 1931, Rudofsky defende sua dissertação sobre antigas estruturas em concreto em Cíclades, na Grécia.
Entre 1932 e 1935, viveu na Itália, em Capri e Proschia.
Em 1935, ele projeta a Casa Oro, que é concluída em 1937 em Nápoles, juntamente com Luigi Cosenza. Na Casa Oro, assim como em seus trabalhos posteriores no Brasil, percebe-se a utilização da linguagem formal do movimento moderno, apesar de seus escritos mostrarem que ele rejeitava tais ensinamentos, fazendo, inclusive, críticas à eles. Nota-se que na Casa Oro, situada em um penhasco voltado para baía de Nápoles, Rudofsky procurou criar uma organização espacial integrada com a paisagem e adequada à topografia. Os pátios frontais e terraços são formas apropriadas de uma arquitetura tradicional que criam uma atmosfera íntima para os moradores.
Em 1935, foi para os Estados Unidos, e se casou com Berta Doctor em Nova York. Em 1937, mudou-se para Milão, onde se tornou editor da revista Domus. Escreveu alguns artigos como: A descoberta de uma ilha; Não se necessita um novo modo de construir mas um novo modo de Viver; Moda: Hábito desumano e Origem da habitação.
Em 1939, imigra para o Brasil, onde projetou a casa Frontini, em Perdizes, e a casa Arnstein, no Jardim América. Essas casas foram na realidade duas das primeiras casas modernistas da cidade de São Paulo, ambas com um caráter introspectivo característico do mediterrâneo, com pátios internos. Essas casas fizeram parte da exposição Brazil Builds em 1943, organizada por Philip Goodwin no MoMA de Nova York, período no qual Elizabeth Mock ocupava a direção do Departamento de Arquitetura.
Em 1941, Rudofsky se mudou para Nova York depois receber o prêmio do MoMA do Organic Design Competion. Em 1944, foi responsável pela exposição Are Clothes Modern?, no MoMA. A estratégia visual principal foi a justaposição de tradicionais artefatos etnográficos com produtos consumidos e visualmente similares. O objetivo da exposição era atentar o público para o poder persuasivo das propagandas e para o apelo sedutor das modas que constantemente se alteram. Desafiava assim os comportamentos e hábitos pré-estabelecidos. A mostra trazia também subentendido o contínuo compromisso de Rudofsky de uma arquitetura projetada para o indivíduo ao invés de para as massas.
No período de 1946 a 1964, Rudofsky lançou uma linha comercial de sandálias com o nome Bernardo's sandals, desenhadas para a verdadeira anatomia humana, preocupado com o conforto e ignorando os conceitos da moda. As sandálias acabam fazendo muito sucesso entre aqueles que Rudofsky tentava alertar, ou seja, os seguidores da moda.
Em 1955, ele publica Behind de Picture Window, no mesmo ano que realiza sua primeira viagem ao Japão.
Em 1956, realiza a Exposição Textiles, no MoMA de Nova York.
Rudofsky projetou, juntamente com Peter Harnden, o Pavilhão americano na Brussel World's Fair, de 1958.
No período de 1958 a 1960, lecionou como professor pesquisador em Tóquio.
Entre 1960 e 1965, tornou-se consultor do departamento de arquitetura do MoMA, onde propôs diversas exposições, dentre elas: Japanese vernacular grafics; Roads; Stairs.
A exposição Architecture without architects, exposta no MoMA entre 1964 e 1965, percorreu mais de 80 lugares nos 11 anos que permaneceu em exposição.
Em 1971, sua casa em Frigiliana, na Espanha, foi concluída. Nessa casa, ele aplicou seus conceito sobre arquitetura, ou seja, priorizando o indivíduo e suas necessidades, garantindo o direito à intimidade e à independência. A casa resgata as características vernáculas do mediterrâneo e se coloca em inteira conexão com seu entorno e com sua topografia.
Algumas outras publicações e de Rudofsky foram: The Kimono Mind (1965), Streets for People (1969), The Prodigious Builders (1977). Dentre as exposições, encontram-se Now I Lay Me Down to Eat no Cooper-Hewitt Museum, NY (1980); Sparta/Sybaris no Austrian Museum of Applied Art, Viena (1987).
Rudofsky morreu em Nova York em 1988.
Fonte(s) Lessons from Bernard Rudofsky. Disponível em: [http://www.azw.at/event.php?event_id=639&lang_id=en]. Acesso em 03/05/2011.Lessons from Bernard Rudofsky. Disponível em: [http://www.getty.edu/art/exhibitions/rudofsky/]. Acesso em 03/05/2011. Esparta e Síbaris. Disponível em [http://www.vivercidades.org.br/publique_222/web/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1296&sid=5]. Acesso em 03/05/2011.