1930
França
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Verticalização
Colaborador
Leonardo Vieira e Igor Queiroz
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Distante de qualquer projeto trabalhado anteriormente por Le Corbusier, a cidade radiosa foi resultado de uma série de estudos para o desenvolvimento de cidades em série, construídas em tempo industrial, em que o tempo, a circulação e a racionalidade são os principais eixos de trabalho.
Adriana Mattos de Caúla e Silva, 2008
"A Ville Radieuse foi apresentada por Le Corbusier no CIAM de Bruxelas, em 1930 e publicada em 1935. Esta utopia urbana de Le Corbusier apresenta transformações e influências sofridas pelo arquiteto, algumas em decorrência de suas recentes viagens à Amércia de Sul (1929)¹ e Rússia (1928-30). (...) Le Corbusier rompe com o desenho concêntrico do espaço antes apresentado na Ville Contemporaine (1922)." p. 31
"Ces planches, dessinées au retour d'Amérique, contituent les éléments positifs d'une doctrine d'urbanization des villes de la civilisation machiniste. Produits théoriques purs, elles ont permis de fixer le principe même des choses, idéalement, au-dessus de la mêlée. Une telle doctrine pouvait-elle sortir du cadre d'utopie et braver les événements vrais de la vie? Quand on est allé ou fond des choses, par la théorie, on a acquis des certitudes, des directives. (...) Je pense qu'il n'y a pas d'autre chemin pour aller à la vie. (LE CORBUSIER, 1984)" p. 33
"Estas pranchas, desenhadas no retorno da América, constituem os elementos positivos de um doutrina de urbanização das cidades da civilização maquinista. Puros produtos teóricos, estas pranchas permitiram a fixação do principio das coisas, de forma ideal, por sobre a mistura. Tal doutrina poderia sair do quadro da utopia e enfrentar os verdadeiros acontecimentos da vida? Quando nos aprofundamos nas coisas, pela teoria, adquirimos certezas e diretivas. Acredito que não há outro caminho a seguir na vida". [TRADUÇÃO - Adriana Caúla] p. 33
¹ Entre os anos 1929 e 1936, Le Corbusier apresentou planos para as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires e Montevidéu. Nestes projetos Le Corbusier adotou o território com referencia, o que refletiu diretamente nas formas adotadas nestes planos.
Adriana Mattos de Caúla e Silva, 2008
" Visto em planta, notamos a permanência do eixo central, a repetição de formas e padrões, a simetria e a geometrização do espaço. (...) Na Ville Radieuse, chamada por Le Corbusier de Ville Vert, as áreas livres enquadram-se na rígida malha geométrica que figura como base do seu desenho urbano." p. 31-32
" As 14 torres do centro da cidade, ou melhor, do topo da cidade repetem a forma em cruz e formam a área administrativa e de negócios. Esta é a área pensante, o cérebro da cidade². Junto a esta área está conformada numa área circular a estação ferroviária e o terminal aéreo. (...) A parte central da cidade é tomada por uma extensa área residencial, formada por um denso e repetitivo desenho que conforma uma espécie de arabesco (PINDER, 2005:82). A área fabril conforma um emaranhado geométrico de edifícios organizados em quadras retangulares, separadas da área residencial por uma faixa destinada à ocupação verde. (...)". p. 32
"As ruas são substituídas pelo que o arquiteto chama de "máquinas de circulação", dispostas em diferentes níveis e abrigando cada uma um diferente tipo de transporte. Le Corbusier valorizava o automóvel e afirmava ainda que "arquitetura é circulação". (...) O sistema de circulação da Ville Radieuse é uma complexa e trabalhada malha, com todas as suas interseções e cruzamentos." p. 32-33
"DE CERTEAU (1990:93) chamou a Ville Radieuse, assim como a Cidade Jardim de Howard, de "Cidade Conceito". Isto por que os dois autores empregaram um discurso urbanístico utópico demandado a composição de outra ordem espacial e social, abrigada em outro espaço urbano, regulado e estruturado. São utopias urbanas criadas em espaços próprios puros e racionalmente organizados e objetivos." p. 33
Kenneth Frampton, 1997
"(...) O motivo de Le Corbusier ter abandonado seu bloco perimetral, também conhecido como a Immeuble-Villa, em favor de uma forma de construção mais apropriada à produção em série (...). (...) A forma consiste em um terraço contínuo cuja frente retrocedia ou alinhava, alternada e regularmente, a partir dos limites exteriores da rua." p. 215
"Enquanto a Immeuble-Villa preconizava (como sugere seu próprio nome) o suprimento qualitativo da casa com seu ‘jardim suspenso' como uma unidade autônoma, o tipo Ville Radieuse parece ter-se orientado para critérios mais econômicos, ou seja, para os padrões quantitativos da produção em série." p. 215-216
"O modo como os recursos em geral poderiam ser mais bem alocados em termos sócio-políticos é algo que, pela primeira vez, foi explicitamente formulado por Le Corbusier em suas contribuições, a partir de 1931, ao periódico sindicalista mensal Plan [Plano] (...). (...) Num ensaio intitulado ‘Décisions' [Decisões], ele estabeleceu as precondições políticas sob as quais suas idéias urbanas poderiam ser postas em prática." p. 223
"O texto de La Ville Radieuse, publicada em forma de livro em 1933, já havia aparecido sob o signo de uma facção autoritária do sindicalismo (...). (...) Em La Ville Radieuse, Le Corbusier defendia, em linhas sindicalistas, um sistema direto de governo dos métiers (guildas comerciais ou sindicatos)." p. 223
"As transformações em seus protótipos urbanos da década de 1920, em que a ‘hierarquia' Ville Contemporaine de 1922 se converteu na Ville Radieuse ‘sem classes' de 1930, implicou mudanças significativas no modo de Le Corbusier conceber a cidadeda era da máquina; dentre elas, a mais importante foi o abandono de um modelo urbano centralizado, que avançou para um conceito teoricamente ilimitado cujo princípio de ordem provinha do fato de Milyutin, em zonas de faixas paralelas." p. 217
"Na Ville Radieuse, essas faixas [paralelas] destinavam-se aos seguintes usos: 1) cidades-satélites dedicadas à educação; 2) zona comercial; 3) zona de transporte, incluindo trens e transporte aéreo; 4) zona de hotéis e embaixadas; 5) zona residencial; 6) zona verde; 7) zona da indústria leve; 8) armazéns e trens de carga e 9) indústria pesada." p. 217
"Para dizer o mínimo, era paradoxal que algo de uma metáfora humanista e antropomórfica ainda estivesse inserido nesse modelo. Isto se torna bastante evidente a partir de seus esboços explicativos do período, que mostram a ‘cabeça' isolada dos dezesseis arranha-céus cruciformes acima do ‘coração' do centro cultural (...)." p. 217
"Embora a cidade radiante nunca se tenha concretizado, sua influência como modelo evolutivo sobre o desenvolvimento urbano do pós-guerra na Europa e em outros lugares foi bastante grande. Além dos inúmeros esquemas de conjuntos habitacionais, a organização específica de duas novas capitais ficou claramente em dívida com as idéias contidas na Ville Radieuse: o plano piloto de Le Corbusier para Chandigardh, de 1950, e o projeto de Lúcio Costa para Brasília, em 1957." p. 220