1955
Espanha
PublicaçãoIdiomas disponíveis
español
Português
Marcadores
Interesse Social, Movimentos Sociais Urbanos, Participação, Patrimônio, Planejamento Urbano, Requalificação, Espaço Público
Colaborador
Milene Migliano
Citado por: 1
Os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAMs) aconteceram de 1929 até 1956, em diferentes cidades européias. O oitavo CIAM debateu a relevância dos centros antigos - o "coração da cidade" - o valor da história e do lugar, criando uma nova tendência dentro dos encontros, com a crítica aos princípios funcionalistas da Carta de Atenas. O livro The Heart of The City - que na publicação em espanhol, "El corazón de la ciudad", vem com o subtítulo "por una vida más humana en la ciudad" - traz todos os textos que foram apresentados durante o congresso, além de reflexões produzidas após sua realização.
A maior importância do CIAM 8 é a ênfase dada às relações sociais, relações entre indíviduos, comunidade e espaço urbano, como já enunciado no uso do Coração como metáfora a ser trabalhada em todo o congresso. A humanização dos espaços físicos passa a ser acentuda assim como a ideia de centro da cidade como um espaço de encontros mais diversificados possíveis, no intuito de desenrolar diferentes relações sociais e ultrapassar a proposição moderna de que a cidade é um conjunto de espaços funcionais articulados.
Autores como Bakema irão se posicionar na defesa de ações conjuntas pela cidade, serão apresentados os planos de cidades para América Latina, como Medellin e Bogotá, e também é o CIAM no qual estarão sendo mostrados os planos de reconstrução do pós-guerra, como Hiroshima, pelo arquiteto K.Tange - com a proposta da cidade pela paz - e a de cidades da Europa, como Stevanage, pelo Grupo Mars.
Breve esboço do Coração
Extrato das conclusões combinadas no 8° Congresso do CIAM
Sumario das características necessárias do coração
1. Em cada cidade deve haver um só Coração principal.
2. O Coração é um artifício, uma obra do homem.
3. O Coração deve ser em um lugar livre de tráfego Corazón debe ser un lugar libre de tráfego, onde o caminhante possa mover-se livremente.
4. Os veículos devem chegar na periferia do Coração e estacionar ali, mas não atravessá-lo.
5. A publicidade comercial não controlada - tal como hoje se mostra nos Corações - deve ser organizada e controlada.
6. Os movimentos variáveis (móveis) podem representar uma importante contribuição para dar vida ao Coração, e a sistematização arquitetônica deve ser projetada em forma que permita a inclusão de tais elementos.
7. Ao projetar o Coração, o arquiteto deve empregar meios de expressão modernos e, sempre que possível, deve trabalhar em colaboração com pintores e escultores.
José Luis Sert, 1955
"O que hoje se necessita para que as pessoas deixem de ser simples espectadoras e participem ativamente da vida social, é uma experiência emocional que desperte seu sentido de espontaneidade, aparentemente perdido. Mas para que seja possível tal forma de expressão, devem se criar lugares adequados, espaços abertos, sob os céus amplos que, como ocorria em outros tempos, se faziam livres de todo o tráfego do trânsito." P.161
" Antes, havia existido sempre um centro que irradiava a cultura para o resto do mundo. Hoje, difentemente, a evolução cultural já não está confinada em um só núcleo, seja este Europa ou os Estados Unidos; hoje surge das mais longínquas regiões: na Finlândia e no Brasil o nível de criação arquitetônica é mais elevado que na Inglaterra, Suíça ou Suécia." P.162
"O tema da educação arquitetônica, de que tantas vezes a se ocupado o Ciam, foi abordado novamente em Hoddesdon. Seria impossível formular uma expressão mais adequada que a formulada por Walter Fropius, cujo pensamento pode resumir-se nas seguintes palavras: ‘A lei suprema da educação está em suprimir a super especialização em favor da plenitude dos conhecimentos. A acumulação de fórmulas e feitos detalhados deve dar lugar à sabedoria do método.'"
S. Gideon, 1955
Relações entre homens e coisas
"Nas oficinas reinava uma certa atmosfera de equilíbrio. Esta atmosfera foi destruída pela mecanização . Veio a época do capitalismo, no qual se diz que a meta da vida é possuir bens. O mestre das oficinas se converteu em proprietários das máquinas. As relações entre eles e seus colaboradores se transformou na relação entre proprietário e não proprietário. A ética do ter e possuir fez a gente toda uma confusão a respeito da vida. As coisas se fizeram mais importantes que as relações entre elas mesmas. Na própria cidade desapareceu aquela clara expressão do valor das relações." P. 68
" Aqui está o porque o grupo holandês de Rotterdam projetou uma pequena unidade de vivendas para 500-700 pessoas, em que cada tipo de família pode encontrar seu lugar. Nesta agrupação reinará uma atividade constante, porque nela hão de encontrar-se e relacionar-se cotidianamente toda classe de pessoas e famílias, numerosas e reduzidas. Se em uma comunidade vivem isoladas famílias de um mesmo tipo, a vida se faz estéril e árida."
"Esperamos ter realizado nossa obra de forma que quem tenha que viver ali não experimente a sensação de isolamento e que, através de sua própria atividade, possam chegar a descobrir a maravilha de um novo valor: o valor de uma nova relação humana, característica do mundo em que vivemos hoje, no qual, por exemplo, nossos amigos japoneses podem estar entre nós a dois dias tão somente de distância de seus lugares.
J. B. Bakema, 1951.